HQ com super-herói inspirado em medalhista das Paralimpíadas traz visão futurística de cidade do interior de SP

HQ com super-herói inspirado em medalhista das Paralimpíadas traz visão futurística de cidade do interior de SP

História em Quadrinhos Radius foi lançada neste mês de julho e o g1 conversou com profissionais envolvidos no projeto.

Tiago de Moraes, ao centro, é o idealizador do projeto — Foto: Divulgação

Tiago de Moraes, ao centro, é o idealizador do projeto — Foto: Divulgação

Neste mês de julho foi lançada em Marília (SP) uma História em Quadrinhos que traz super-heróis inspirados em personalidades da cidade, entre elas, o o atleta paralímpico Daniel Martins, medalhista da Paralimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e nascido na cidade do interior de SP.

O HQ Radius é a primeira publicação do tipo com super-heróis marilienses e foi lançada em evento com cerca de 350 pessoas, realizado no último sábado (2). O enredo se passa em uma Marília distópica no futuro distante situado ano 3.121.

Em entrevista ao g1, o idealizador da história, publicitário Tiago de Moraes, se disse em êxtase por materializar um sonho da adolescência. O universo de Radius começou a ser criado por ele em 1996 e passou ao patamar de projeto, de fato, durante a pandemia da Covid-19.

Edição histórica foi lançada no dia 2 de julho — Foto: Divulgação

Edição histórica foi lançada no dia 2 de julho — Foto: Divulgação

“Assim como boa parte da população, acabei tendo mais tempo para dedicar a projetos pessoais e hobbies durante o período de reclusão. Foi aí que comecei a amadurecer essa ideia. Há um abismo enorme entre sonhar e realizar algo do tipo”, comentou sobre o desafio.

Fã de HQs, Tiago já sabia que esse mercado envolve uma enorme indústria em âmbito mundial. Tirar Radius da cabeça e colocar a história no papel, literalmente, no formato de publicação, envolveu muita gente.

Lançamento contou com cerca de 350 participantes — Foto: Divulgação

O roteiro é assinado pelo escritor e jornalista Ramon Barbosa, a arte de Tony Pessanha, cores e balões Bruno Araújo, revisão de Mariana de Almeida Lourenço e direção-geral da jornalista e produtora Caká de Cerqueira César.

Além deles, outros marilienses tiveram participação fundamental, como fonte de inspiração, por exemplo. É o caso de Daniel Martins, que levou à criação de Peregrino, personagem com a super-habilidade de correr. Ele também falou ao g1 sobre o personagem inspirado na sua trajetória.

Personagem Peregrino, inspirado em atleta mariliense — Foto: Divulgação

“É mais um motivo de orgulho para mim e para minha família e amigos. Dá um gás a mais até para treinar, quero me dedicar ainda mais. Minha mãe ficou muito emocionada de ver aquele menino levado, que eu fui, ser transformado em super-herói”, afirma Daniel.

Além do protagonista Radius, que dá nome à HQ, e Peregrino, outros personagens, como a guerreira tapanhuma Ci-Jaci e o capoeirista Mestre, fazem parte do grupo principal com uma proposta de valorização da cultura brasileira.

Medalhista paraolímpico, Daniel Martins — Foto: Agência Brasil/Divulgação

O roteirista Ramon afirmou ao g1 que o processo de produção de Radius envolveu uma reflexão sobre quem é o super-herói. “O super-herói, na verdade, é o povo, representado em Radius, miscigenado”.

“O povo brasileiro é heterogêno, formado principalmente pelo branco europeu, pelo índio e pelo negro, que está representado na nossa história”, disse o escritor.

Radius

O enredo da HQ mariliense se passa após séculos de ruptura social em consequência da Covid-19. Na história, rebeldes encontram esperança com o surgimento do herói Radius, que luta pela liberdade da megacidade Marília Metropolitana.

O aglomerado habitacional imaginado engloba 62 cidades unidas por um crescimento descontrolado e pela conurbação em que a localidade passou e, então, conta com uma superpopulação, variando entre 10 a 12 milhões de habitantes.

Personagens buscam a valorização da cultura brasileira — Foto: Divulgação

Em Radius a Covid-19 persistiu por 20 anos, provocando um grande holocausto em que sobreviventes ficaram com sequelas agressivas. Cem anos depois do surgimento do coronavírus, ocorre uma guerra nuclear com devastação de florestas do mundo e exterminou espécies e fauna.

O aglomerado urbano possui muitos problemas sociais e é altamente violento. Sua extensão territorial é uma das maiores do Brasil e está dividido nas duas tribos surgidas desde a grande hecatombe.

As tensões são constantes por conta dos enfrentamentos e embates entre os grupos predominantes.

Marília Metropolitana aparece como um aglomerado urbano com milhões de habitantes — Foto: Divulgação

Marília Metropolitana aparece como um aglomerado urbano com milhões de habitantes — Foto: Divulgação

Os esforços para a união não tiveram êxitos, contudo, a extraordinária mutação de uma pessoa em chama incandescente, Radius, faz ressurgir a esperança pelo fim das cisões através de ações humanitárias do novo herói.

A pacificação, contudo, não será um objetivo tão fácil de conseguir. As forças controladoras de Marília Metropolitana são lideradas pelo ditador canibal, o Major Pimã. Seu nome é inspirado no mito do Piaimã, gigante canibal descrito em lendas indígenas brasileiras e presente na narrativa ‘Macunaíma’, de Mário de Andrade.

O vilão de Radius conta com uma inteligência insana, dominando o povo através da força militar ao mesmo tempo em que escraviza as pessoas por meio dos hologramas. As pessoas se submetem ao governo e suas regras em troca desse mundo irreal, onde a manipulação tecnológica prevalece.

Parte dos vilões enfrentados por Radius e seus aliados — Foto: Divulgação

Parte dos vilões enfrentados por Radius e seus aliados — Foto: Divulgação

Além disso, Pimã é um ditador que trabalha com reanimação de cadáveres aliados à tecnologia robótica para a construção de super-soldados. Na trama esta técnica é batizada de necroscientia.

As Tropas do Amanhã, formada por possíveis soldados criados por Pimã, são os responsáveis por manter a Marília Metropolitana do jeito que seu ditador deseja: com habitantes manipulados e tidos como escravos felizes.

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